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Carioca, formada em jornalismo, Marcia Cristina iniciou a carreira na área de Comunicação Social do BNH e da Caixa Econômica Federal. Foi repórter de TV em Salvador e editora de reportagens em Curitiba. Em 1995 passou para a área de negócios e foi gerente geral de unidades de negócios da Caixa na Bahia. Pós-graduada em Gerência de Marketing pela ESPM/SP (ministrado em Salvador) e MBA em Gestão Empresarial pela Universidade Católica de Salvador em parceria com a UFRJ. Em 2009 lançou o livro “Ética no Ambiente de Trabalho, editora Campus/Elsevier. Entre 2013 e 2016 trabalhou na área de educação da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem - ABCD, no Ministério do Esporte, exercendo também a Diretoria de Informação e Educação em defesa da Ética no Esporte. Em 2018 participou da coletânea, Criativos, Inovadores e Vencedores, editado pela Literare Books, São Paulo e lançou o segundo livro solo, Conduta Ética e Sustentabilidade Empresarial, pela editora Alta Books. Vive agora em Portugal.

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A Conduta Ética e a Construção da Credibilidade

Imagem retirada da Internet (sem informação de autoria)
                          A formatura, o primeiro emprego ou a aprovação em concursos públicos são passos que marcam o início da carreira de jovens de todas as culturas.
Ambicionar o reconhecimento, o sucesso e uma remuneração cada vez maior, faz parte do sonho de realização profissional. O doce sabor dessas recompensas motivam a dedicação ao trabalho e a busca pela ampliação do conhecimento.
Entretanto, o efeito inebriador do reconhecimento do mérito, as premiações, as promoções e até mesmo o respeito alcançado junto aos demais colegas, acionam o arriscado dispositivo da vaidade. Para conviver com o sucesso, é preciso saber administrar a vaidade porque ela pode alterar o comportamento, dar espaço para a arrogância e construir um caminho margeado por precipícios que podem destruir belíssimas carreiras.
Outro perigo inserido no sucesso é a necessidade de permanecer eternamente como destaque, o que quase nunca é possível. Assim, surge o risco de não conseguir resistir a tentação de buscar caminhos alternativos para alcançar os melhores resultados.
Empresas comerciais costumam lançar campanhas de premiação para estimular vendas. As campanhas são realmente uma ferramente poderosa para alavancar resultados. Não obstante, existe uma característica comum a muitas empresas, que é a despreocupação em controlar a consequência das vendas.
Ainda são poucas as empresas que efetivamente acompanham a satisfação pós-venda de seus clientes. Também é desprezado o controle da qualidade/conformidade das vendas que, caso fosse corretamente executado, poderiam revelar o volume de devoluções e reclamações de negócios realizados por cada vendedor.
Esse descontrole permite a ação maliciosa dos mais vaidosos. Clientes podem ser enganados, vendas podem ser manipuladas, deturpando a avaliação do desempenho e permitindo que vendedores que são verdadeiros sabotadores da empresa sejam premiados. Afinal, vendas mal realizadas comprometem a lucratividade e/ou a imagem da empresa.
Por exemplo: qual a vantagem de um banco captar uma aplicação de alto valor se a taxa paga ao cliente torna o spread negativo ou insignificante? Mas se a campanha acompanha apenas o valor captado, pode ser muito interessante para o gerente, certo?
Enquanto as área de compliance estão preocupadas em vigiar a honestidade de seus empregados, criando inúmeros controles para detectar ações fraudulentas, corrupção ou roubo, deixam de lado o controle do trabalho realizado por executivos e vendedores que agem em benefício próprio e contra os interesses da empresa.
O caminho escorregadio do sucesso faz com que bons profissionais acabem derrapando nas curvas mais perigosas, comprometendo o futuro de suas carreiras e a reputação de pessoas talentosas.
É preciso alertar os jovens profissionais para isso.  A geração Y é movida pela urgência, pela pressa em subir na hierarquia empresarial. Essa pressa pode dar origem a atitudes equivocadas que, quando descobertas, destroem as perspectivas desses profissionais. A falta de compromisso com a palavra empenhada, a pouca importância dada ao "como" as atividades são realizadas, a valorização excessiva do mérito por bons resultados alcançados a qualquer preço e a incoerência na gestão dos recursos humanos são atitudes que minam a credibilidade individual e, por consequência, a credibilidade da empresa. 
A verdade é que a cultura a boa reputação está fora de moda. Mentir é uma ação que vem sendo cada vez mais tolerada no dia-a-dia. A força da credibilidade, da própria palavra, da honra e da dignidade parece perder importância na era da convivência virtual. O problema, é que quando uma pequena mentira alcança consequências imprevistas, o prejuízo pode ser incalculável para a reputação pessoal e profissional.
A construção da credibilidade exige dedicação permanente e precisa ser lentamente construída ao londo de toda a vida, mas ela pode ser perdida em um único momento: basta que uma mentira, um disfarce ou um mau hábito seja descoberto.
O risco da perda de credibilidade está em cada pequena mentira, mesmo as aparentemente inconsequentes porque, dependendo do contexto em que uma pequena mentira é descoberta, pode gerar grandes, desagradáveis e irreversíveis consequências.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Afinal, o que significa o movimento dos"Occupiers Wall Street"?

Em recente viagem à Nova York, tive a oportunidade de testemunhar o movimento que se instalou em Wall Street no mês de setembro deste ano.
Ao contrário de muita gente que torce para que o inverno chegue logo e faça com que o movimento perca força e aquelas pessoas desmontem suas tendas e voltem para casa, eu gostaria que as frases, os gritos e os tambores dos ocupantes daquela pequena praça espremida no meio de tantos arranha-céus de Manhattan ecoassem para outras cidades e países até que fosse impossível não prestar atenção ao que eles estão dizendo.
Fiquei emocionada com o que vi. Pessoas de todas as idades, inclusive crianças estimuladas pelos seus pais, defendem alguma coisa que, mesmo de forma imprecisa e desorganizada, diz claramente que a ciranda financeira vem causando prejuízos incalculáveis para milhões de pessoas, empresas e países. Enquanto poucas faturam milhões por meio de informações privilegiadas e especulações diversas, milhões de outras pessoas perdem, perdem pouco em comparação com os grandes investidores, mas esse pouco pode significar tudo o que tinham acumulado.
Ao que parece, eles não sabem como as coisas deveriam ser, mas sabem que como está não deve continuar.
Já há algum tempo que venho questionando a forma como os negócios estão sendo conduzidos nas Bolsas de Valores. Criada para permitir que investidores pudessem participar do crescimento e lucrar com os bons resultados de grandes empresas, financiando os investimentos dessas empresas, o mercado de ações era uma maneira de obter lucros em cima da produtividade dos negócios. Mas, com o tempo, profissionais do mercado financeiro aprenderam como poderiam ganhar mais e mais por meio da observação de tendências. Daí para a manipulação e especulação, foi um pulo. 
Até quando essa ciranda vai continuar comendo a poupança dos pequenos e despreparados investidores e de grandes empresas que passaram a operar sem a segurança de saber o valor exato de suas ações?
Empregos são criados e desaparecem pouco tempo depois. Fundos de pensão perdem milhões de dólares e seus associados arcam com os prejuízos originados em aplicações para as quais sequer foram ouvidos. Já imaginou o problema que tantos aposentados enfrentam ao ver sua renda mensal minguar de um hora para a outra?
A ciranda financeira também interfere drasticamente na flutuação do valor das moedas trazendo lucros e prejuízos que podem determinar a falência de empresas em todo o mundo.
E quem está ganhando o com isso?
Não penso que as Bolsas de Valores deveriam acabar. O mercado financeiro, incluindo aí a Bolsa de Valores, é de fundamental importância para o financiamento do setor produtivo da economia. 
O mundo globalizado e capitalista não suportaria tamanha mudança. Mas será que os negócios não poderiam ser regulamentados de forma a inibir essa migração enlouquecida de milhões de dólares a cada "estouro de boiada" provocado por alguma declaração infeliz de um governante grego, espanhol, francês ou seja lá de que nacionalidade for? Será que o mundo não seria mais justo e ético se os ganhos fossem baseados nos resultados obtidos por meio da produção? 
Sou leiga nesse assunto, mas, da mesma maneira que algumas aplicações em CDB ficam bloqueadas por algum tempo, não seria razoável que alguém que investe seu dinheiro em alguma empresa, acreditando no negócio e no futuro dessa empresa devesse assumir o compromisso de manter seu dinheiro na mesma aplicação por um período pré-determinado de tempo? Que empresa pode ser bem sucedida tendo que conviver com a ganância de investidores avessos a riscos que não se intimidam com os prejuízos em grande escala que provocam com suas irresponsáveis movimentações financeiras? 
Não sou absolutamente contra a prática de utilizar dinheiro para fazer mais dinheiro, mas penso que tudo deve ser feito no limite da responsabilidade. O que estamos vivendo nessas últimas décadas é, sem dúvida, irracional e muito injusto.
Lamento que o movimento contra Wall Street não seja mais bem organizado e estruturado, apresentando propostas para amenizar os efeitos e inibir a ciranda financeira desenfreada.
Vai ser difícil esperar que os maiores interessados na manutenção dessa situação, que são os grandes aplicadores das Bolsas de Valores, se mobilizem para regulamentar o mercado de ações. Mas, quem sabe se mais e mais vozes começarem a gritar, se o movimento se organizar e se expandir, as coisas possa começar a mudar?