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Carioca, formada em jornalismo, Marcia Cristina iniciou a carreira na área de Comunicação Social do BNH e da Caixa Econômica Federal. Foi repórter de TV em Salvador e editora de reportagens em Curitiba. Em 1995 passou para a área de negócios e foi gerente geral de unidades de negócios da Caixa na Bahia. Pós-graduada em Gerência de Marketing pela ESPM/SP (ministrado em Salvador) e MBA em Gestão Empresarial pela Universidade Católica de Salvador em parceria com a UFRJ. Em 2009 lançou o livro “Ética no Ambiente de Trabalho, editora Campus/Elsevier. Entre 2013 e 2016 trabalhou na área de educação da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem - ABCD, no Ministério do Esporte, exercendo também a Diretoria de Informação e Educação em defesa da Ética no Esporte. Em 2018 participou da coletânea, Criativos, Inovadores e Vencedores, editado pela Literare Books, São Paulo e lançou o segundo livro solo, Conduta Ética e Sustentabilidade Empresarial, pela editora Alta Books. Vive agora em Portugal.

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

O custo invisível da falta de ética

Por que as condutas antiéticas praticadas no dia-a-dia das empresas não costumam ser motivo de preocupação dos gestores?
Provavelmente porque os prejuízos causados não aparecem em relatórios contábeis. Aqueles profissionais cujas carreiras não decolam porque preferem atuar com ética não têm espaço para reclamar, pois são considerados menos eficientes do que outros que agem inconsequentemente. A desmotivação gerada em alguns membros da equipe não incomoda aqueles que "se dão bem". Além disso, o projeto para inibir condutas antiéticas nem existe e, portanto, não é acompanhado pelas áreas de controle. Outro bom motivo para tamanho descaso é que a despreocupação com a conduta ética não interfere nos resultados alcançados.
Bingo! Aí está a resposta!
A verdade é que a falta de ética, muitas vezes, contribui para o alcance de ótimos resultados! Então, para que perder tempo com isso?
Realmente, no curto prazo, é muito mais interessante agir sem as limitações exigidas pela ética. Se eu posso ganhar mais aqui, vender mais ali, aumentar meu lucro acolá, por que ficar preocupado com o que os outros vão pensar se descobrirem o "pulo do gato" que me permite estar entre os mais destacados profissionais de minha área de atuação?
O dilema ético nem sempre é sequer percebido por aqueles que precisam decidir sobre como fazer para obter determinado resultado. As decisões são tomadas com foco apenas no objetivo final, sem medir as consequências que poderão causar aos colegas, clientes, fornecedores, acionistas ou até mesmo a uma comunidade inteira.
Entretanto, o que somente aqueles dotados de consciência ética percebem é o risco assumido por aqueles que desdenham da conduta ética.
Um motorista que opta em dirigir sem usar o cinto de segurança pode percorrer milhares de quilômetros sem sofrer qualquer acidente. Mas se tiver a pouca sorte de bater com o seu carro, estará exposto a graves consequências. É mais ou menos assim que acontece com as pessoas e empresas descompromissadas com a ética.
Gosto muito de uma comparação cujo autor desconheço: "Para os seres vivos é impossível viver sem respirar. Da mesma forma, é impossível para as empresas existir sem lucrar. Entretanto, os seres vivos não vivem APENAS para respirar, assim como as empresas não existem APENAS para lucrar".
Em tempos em que as questões relativas à sustentabilidade ocupam tantos espaços em eventos frequentados por executivos bem intencionados, é interessante perceber que muitos estão ali preocupados com a preservação do meio ambiente, mas esquecem que a conduta ética é condição para assegurar a sustentabilidade do planeta e também da empresa. O que adianta cuidar do meio ambiente e esquecer de cuidar da forma como os negócios da empresa estão sendo conduzidos?
A falta de ética provoca prejuízos diários. Não acredita?
Quantos profissionais talentosos deixam empresas porque percebem que ali não terão espaço para crescer com ética? Quanto material é desperdiçado diariamente? Quantos clientes que não reclamam deixarão de fazer negócios com a empresa para sempre? Quanto custa para uma empresa o tempo gasto por seus empregados em ligações telefônicas particulares e internet? Qual o montante do prejuízo com falsas prestações de contas de viagens? Qual o valor não realizado daquele projeto que não foi executado porque o gestor não "vai com a cara" de quem o criou ou, pior ainda, porque teme pela projeção que o subordinado vai ter se souberem que ele é muito mais capacitado?  Qual a perda gerada por clientes insatisfeitos, pelas indenizações impostas com base na Lei de Defesa do Consumidor, com produtos devolvidos e com ações trabalhistas? Poucas, muito poucas empresas contabilizam o lucro que não entrou ou que escorregou como areia entre os dedos de mãos descuidadas.
Qual a solução para reduzir essas perdas? Investir no desenvolvimento da consciência ética dos colaboradores e em especial dos gestores, é o primeiro passo.
E como se faz isso? Investindo em educação, treinamento, acompanhamento e com a adoção e aplicação de uma política de consequências justa e eficaz.
Parece pouco, mas dá muito trabalho! E pior, não aparece nos resultados! Qual o executivo que deseja dedicar-se a um projeto que não apresenta resultados facilmente mensuráveis, que causa grande desgaste pessoal com colegas de todos os níveis e que quase não será reconhecido, pelo menos no curto prazo?
Você aceitaria? Difícil, né?!
Parece que ainda vamos ter que esperar um bom tempo para que as empresas precebam o quanto estão perdendo. Talvez quando o mercado mundial voltar a aquecer e começar a exigir de nossas empresas uma postura mais ética de seus representantes.