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Carioca, formada em jornalismo, Marcia Cristina iniciou a carreira na área de Comunicação Social do BNH e da Caixa Econômica Federal. Foi repórter de TV em Salvador e editora de reportagens em Curitiba. Em 1995 passou para a área de negócios e foi gerente geral de unidades de negócios da Caixa na Bahia. Pós-graduada em Gerência de Marketing pela ESPM/SP (ministrado em Salvador) e MBA em Gestão Empresarial pela Universidade Católica de Salvador em parceria com a UFRJ. Em 2009 lançou o livro “Ética no Ambiente de Trabalho, editora Campus/Elsevier. Entre 2013 e 2016 trabalhou na área de educação da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem - ABCD, no Ministério do Esporte, exercendo também a Diretoria de Informação e Educação em defesa da Ética no Esporte. Em 2018 participou da coletânea, Criativos, Inovadores e Vencedores, editado pela Literare Books, São Paulo e lançou o segundo livro solo, Conduta Ética e Sustentabilidade Empresarial, pela editora Alta Books. Vive agora em Portugal.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

O papel do gestor na conduta ética dos colaboradores

Muito se tem falado sobre ética nos últimos anos. Mas pouco desse discurso em prol da ética se transforma em ação. Falar de ética, exigir ética, cobrar que os outros pratiquem a ética é lugar comum. Difícil mesmo é praticar a ética quando outros interesses pessoais estão envolvidos.
No início do século XXI, a ética empresarial ganhou destaque na gestão estratégica das maiores empresas.
É verdade que, de uma maneira geral, a preocupação com a ética influenciou positivamente na qualidade dos produtos, serviços e negócios realizados pelas  melhores empresas. Também aumentou significativamente a preocupação das indústrias em considerar o impacto ambiental provocado por toda a cadeia produtiva a fim de fazer cumprir os objetivos estabelecidos pelos órgãos de proteção ao meio ambiente. Se ética objetiva o bem estar comum, as questões da sustentabilidade surgiram a partir do desenvolvimento de uma maior consciência ética, certo?
Na mesma época, normas negociais foram revistas com o propósito de dedicar mais respeito aos interesses de fornecedores e clientes. A política do "ganha x ganha" passou a ser compreendida e valorizada, pelo menos em teoria.
Entretanto, o que transparece quando ouvimos relatos de pessoas que trabalham nas empresas que publicamente assumiram compromisso em atuar baseadas no respeito aos valores éticos, é que o ambiente de trabalho permanece sem grandes mudanças, havendo registro de ocorrências de condutas antiéticas que permanecem não sendo consideradas, muito menos punidas. Assim, é possível afirmar que pouca atenção vem sendo dada ao comportamento ético das pessoas que atuam em nome da empresa.
Com o objetivo de atender aos requisitos estabelecidos para que a empresa conquistasse a imagem de "ética", seus executivos criaram o Código de Ética, divulgaram esse código junto aos stakeholders, dedicaram mais atenção às suas áreas de compliance e... pronto! Tornaram-se empresas éticas e dignas de toda confiança por parte de seus públicos!
Apesar disso, infelizmente, ainda hoje, são comuns na grande maioria das empresas os registros de ocorrências antiéticas graves como assédio moral, assédio sexual e recebimento de propinas, entre outras.
Mas, insisto em focar na qualidade do ambiente de trabalho dessas empresas e na pouca ou nenhuma atenção dispensada para desenvolver a cultura ética corporativa.
Considerando que as ações empresariais percebidas externamente refletem a decisão e a conduta de seus agentes humanos, é natural concluir que a falta de uma política interna de desenvolvimento da consciência ética pode comprometer a percepção de credibilidade quanto aos verdadeiros objetivos da empresa no que se refere aos valores éticos em seu aspecto mais amplo.
Afinal, no momento crucial em que um colaborador precisa decidir entre cumprir metas e apresentar resultados que podem somar para sua promoção em detrimento da correção ética de suas atitudes, é bem possível que ele opte pela decisão que apresenta vantagens mais rápidas e facilmente mensuráveis, ou seja, desconsiderar a correção ética de sua decisão.
Dessa forma, se não houver um esforço empresarial para estimular a prática da conduta ética, valorizando a credibilidade, a reputação, a transparência e a correção na condução dos negócios, execução de rotinas, e, principalmente, no relacionamento pessoal com os colegas, gestores, clientes e fornecedores, a imagem da empresa, assim como a rentabilidade de seus negócios pode estar sob constante ameaça.
Desenvolver a consciência ética é um objetivo que exige dedicação permanente das áreas estratégicas.
Acompanhar e avaliar as atitudes de todos os colaboradores é uma atividade que exige o comprometimento de cada um dos gestores de todos os níveis, desde o supervisor da equipe de limpeza (ainda que terceirizado) até os gerentes e a diretoria, com destaque para as áreas de gestão de RH e compliance.
É fundamental que a direção valorize o papel dos gestores, pois eles exercem a função de inspirar suas equipes.
Além disso, gestores que usam a fantasia de "chefe", costumam desmotivar os empregados mais qualificados e talentosos, que se sentem oprimidos diante da ineficiência e das consequentes injustiças.  Todo esse quadro, interfere diretamente na manutenção de um ambiente de trabalho pouco saudável.
Nesse cenário, os resultados até podem aparecer, mas, provavelmente, não serão consistentes.
Não se pode dourar a pílula de que a missão de desenvolver a consciência ética seja um objetivo facilmente alcançável. Pelo contrário! É um desafio que vai exigir enorme desgaste pessoal, vai dar origem a muitos atritos e mexer com energias negativas que podem provocar grande incômodo e muito estresse ao profissional responsável. Afinal, ele vai ter que cobrar a correção da conduta de profissionais com anos de trabalho e que se acostumaram a fazer muitas coisas eticamente condenáveis. É provável que muitos desses"heróis" acabem sendo desrespeitados, cortados e sofram prejuízos em suas carreiras.
Empresas que mantém líderes despreparados, chefes que se deixam inebriar pelo poder de mandar nos demais, que se permitem usufruir de mordomias não previstas e que cobram resultados sem contribuir pessoalmente para o alcance desses resultados, estão servindo de exemplo de conduta para suas equipes. Todos sabem a força que tem o exemplo, uma força superior a das palavras. Novatos que se acostumam com o chefe que manda, cobra, não participa e, muitas vezes, desaparece de seu posto de trabalho, preferindo investir na manutenção da rede de relacionamentos que propiciou sua ascensão dentro da empresa, entendem que essa é a postura correta. No futuro, quando esses jovens alcançarem cargos de comando, terão boa chance de adotar esse mesmo modelo de comportamento, pois aprenderam que essa é a forma correta de agir.
Quantas empresas quebraram ou assumiram enormes prejuízos por causa da atitude equivocada de seus gestores? Enron, Artur Andersen e Britsh Petroleum, apenas para citar as mais famosas, são exemplos do que práticas antiéticas e falta de controle podem provocar.
Os gestores exercem o papel do Farol que sinaliza a conduta
correta a ser adotada pelos seus subordinados 
Investir na formação da consciência ética dos gestores é o caminho mais seguro para a manutenção da boa imagem da empresa, de sua lucratividade e, consequentemente, da sustentabilidade empresarial.
Além disso, mais do que pendurar um "Código de Ética" na parede, as empresas deveriam investir em treinamentos específicos, com estudo de cases que facilitassem o entendimento dos dilemas éticos. É também de fundamental importância criar e aplicar uma política de consequências adequada para inibir as tentações de infringir o código de ética.
Valorizar a boa reputação, a credibilidade conquistada pelos gestores que investiram na priorização dos valores éticos na prática do dia-a-dia, também são formas de demonstrar o tipo de conduta que a empresa deseja de seus empregados.
Lamentavelmente, o que ainda acontece hoje nos escritórios da grande maioria das empresas, é a valorização da politicagem, dos resultados conseguidos à qualquer preço e a promoção de gestores que mais exploram os conhecimentos e o talento de seus subordinados sem reconhecer o mérito e sem valorizar o desempenho de suas equipes.
O exemplo que eles passam vai nortear o caminho a ser seguido pelos jovens que ambicionam o sucesso representado pelo exercício de cargos de comando. É um ciclo vicioso, onde o mau exemplo é premiado e contradiz muito do que está explícito no Código de Ética. Mudar essa realidade exige uma atuação concreta e permanente das empresas que pretendem transformar esse ciclo vicioso em virtuoso. Para ser verdadeiramente ética, com um ambiente de trabalho saudável, negócios rentáveis e clientes satisfeitos a empresa precisa investir no desenvolvimento ético de seu pessoal. Vamos considerar que ética também se aprende! Valores éticos podem ser assimilados quando demonstradas as suas vantagens.
Investir no desenvolvimento da consciência ética, associada a uma política de RH que valoriza os méritos de cada empregado, vai permitir que as melhores empresas mantenham seus maiores talentos, seus melhores profissionais, a qualidade de seus produtos e dos seus negócios e, consequentemente, sua imagem pública e sua sustentabilidade.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Será o comportamento ético uma questão hormonal?

O site de Veja desta semana traz uma matéria em que o neurocientista Paul Zak, economista e diretor do Centro de Neuroeconomia da Universidade Claremont, na Califórnia, tem outro nome para a compaixão descrita por Adam Smith: oxitocina. Em seu mais recente livro A Molécula da Moralidade (Editora Elsevier), que será publicado em julho no Brasil, Zak defende que esse hormônio, ao promover a confiança entre indivíduos, é a 'cola' que une famílias e sociedades.


http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/oxitocina-a-molecula-da-moral