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Carioca, formada em jornalismo, Marcia Cristina iniciou a carreira na área de Comunicação Social do BNH e da Caixa Econômica Federal. Foi repórter de TV em Salvador e editora de reportagens em Curitiba. Em 1995 passou para a área de negócios e foi gerente geral de unidades de negócios da Caixa na Bahia. Pós-graduada em Gerência de Marketing pela ESPM/SP (ministrado em Salvador) e MBA em Gestão Empresarial pela Universidade Católica de Salvador em parceria com a UFRJ. Em 2009 lançou o livro “Ética no Ambiente de Trabalho, editora Campus/Elsevier. Entre 2013 e 2016 trabalhou na área de educação da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem - ABCD, no Ministério do Esporte, exercendo também a Diretoria de Informação e Educação em defesa da Ética no Esporte. Em 2018 participou da coletânea, Criativos, Inovadores e Vencedores, editado pela Literare Books, São Paulo e lançou o segundo livro solo, Conduta Ética e Sustentabilidade Empresarial, pela editora Alta Books. Vive agora em Portugal.

terça-feira, 10 de abril de 2012

A falta de ética da fofoca irresponsável

 Autor: Carlucio Bicudo (imagem da internet)
Mais de uma vez me perguntaram se fazer fofoca é antiético. Eu não tinha uma resposta pronta na ocasião e pensei apenas naquele papo que a gente costuma ter com colegas durante o cafezinho e onde comentamos, sem maldade, as novidades de vidas alheias.
Comentar que alguém está se separando, casando, namorando, enfrentando problemas de saúde ou financeiros, a meu ver, não pode ser caracterizado como uma conduta antiética.
O problema é quando a crueldade humana entra em ação e começa a divulgar ou, muito pior, a inventar detalhes sórdidos.
Que tipo de satisfação essa atitude pode proporcionar às pessoas que a adotam? Não sou psicóloga, mas imagino que somente pessoas insatisfeitas com suas próprias vidas podem sentir algum tipo de prazer mórbido com a infelicidade dos outros.
Parece que o sofrimento dos outros tem o poder de tornar suas vidas menos desagradáveis, ou mais parecidas com a das pessoas que atravessam algum problema. Deve ser por isso que notícias sobre grandes desastres ou crimes hediondos costuma gerar tanto interesse. A cada tragédia da vida real os veículos de comunicação lucram com a audiência ávida pelos mínimos detalhes do fato e a insana busca pelas explicações, pelos comos e porquês...
Entretanto, as consequências dessas maldades podem incluir a alteração profunda da vida dos envolvidos. Infelizmente, a orientação acadêmica dos comunicadores de que cada fato precisa ser analisado sobre os variados ângulos de visão e interpretação dos envolvidos costuma ser negligenciada até por profissionais da área. Imagine então quando a notícia corre de boca em boca contada por pessoas sem a menor noção de que a comunicação é passível de ruídos com alto poder de distorcer completamente a realidade?
Dizem que uma mentira repetida mil vezes torna-se verdade inquestionável. Será?
Dependendo da quantidade de pessoas atingidas por uma fofoca maldosa, assim como da importância dessas pessoas na vida da "vítima", toda uma projeção de futuro pode ser alterada ou mesmo destruída.
No ambiente de trabalho, a prática da fofoca doentia pode causar danos muito intensos. Tudo o que acontece ali tem o poder de alterar nosso humor, nossa visão do mundo, nossa autoestima e nossa autoconfiança. É claro que quem se descobre como objeto de críticas, principalmente se forem infundadas, tem grande chance de desenvolver sentimentos prejudiciais à sua saúde física e mental.
O mais decepcionante quando percebemos essa tendência insana do ser humano em se divertir com a desgraça dos outros é perceber a total falta de compromisso com a ética nos relacionamentos interpessoais.
Infelizmente, essas pessoas não têm a preocupação de apurar a verdade dos fatos. Ao tomar conhecimento da fofoca, imaginam os motivos que deram origem ao fato e tomam esses motivos imaginários como verdade. Passam a diante essas informações inverídicas com a entonação necessária para tornar verdadeira sua própria suposição ou mesmo invenção maliciosa. Transformam algo que já era difícil para a pessoa que está no centro da fofoca em algo muito pior. E se quem ouve as invencionices for também uma pessoa insatisfeita, infeliz, invejosa ou mentalmente perturbada, vai sorver do mesmo veneno e passar adiante a cruel novidade, muitas vezes expressando uma falsa piedade em seu modo de falar.
O costume de aumentar um ponto ao recontar um conto é um mau habito enraizado em nossa sociedade que em nada contribui para a evolução do homem, seja intelectual ou espiritualmente falando.
A vaidade de passar a impressão de ser uma pessoa mais bem informada, que conhece detalhes adicionais sobre alguma coisa, faz com que as invencionices se multipliquem como uma praga.
A sede por encontrar maneiras de sentir-se melhor em suas próprias fraquezas é capaz de cegar pessoas, até mesmo aquelas que se consideram éticas e incapazes de mentir. Concluo que para essas pessoas, saber que alguém a quem elas invejam, mesmo que inconscientemente, também está sujeito aos percalços da vida, ameniza suas frustrações, suas culpas, seus traumas e seu sentimento de inferioridade.
O único jeito de neutralizar as más consequências desse péssimo hábito é aguardar a passagem do tempo. Só o tempo pode trazer à tona a verdade dos fatos. Pena que, quando o tempo passa e a verdade aparece, a maioria nem está mais interessada naquele velho assunto.