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Carioca, formada em jornalismo, Marcia Cristina iniciou a carreira na área de Comunicação Social do BNH e da Caixa Econômica Federal. Foi repórter de TV em Salvador e editora de reportagens em Curitiba. Em 1995 passou para a área de negócios e foi gerente geral de unidades de negócios da Caixa na Bahia. Pós-graduada em Gerência de Marketing pela ESPM/SP (ministrado em Salvador) e MBA em Gestão Empresarial pela Universidade Católica de Salvador em parceria com a UFRJ. Em 2009 lançou o livro “Ética no Ambiente de Trabalho, editora Campus/Elsevier. Entre 2013 e 2016 trabalhou na área de educação da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem - ABCD, no Ministério do Esporte, exercendo também a Diretoria de Informação e Educação em defesa da Ética no Esporte. Em 2018 participou da coletânea, Criativos, Inovadores e Vencedores, editado pela Literare Books, São Paulo e lançou o segundo livro solo, Conduta Ética e Sustentabilidade Empresarial, pela editora Alta Books. Vive agora em Portugal.

quinta-feira, 27 de junho de 2013

A Consciência Ética despertou o Brasil


O Brasil acordou!
Os brasileiros descobriram a força da mobilização popular para exigir direitos e acabar com desmandos e desvios de recursos públicos.
Já não era sem tempo!
Sem tirar do atual governo o mérito democrático de aceitar o "puxão de orelha" e começar a prestar mais atenção na vontade do cidadão, fica a pergunta: Será que não dava para perceber antes das manifestações que estava havendo um abuso na defesa dos interesses pessoais dos políticos e de pequenos grupos de grandes empresários e nenhuma preocupação com o bem-estar da população?
Não quero ser óbvia, mas qualquer pessoa minimamente comprometida com os valores éticos já tinha percebido e estava incomodada com os equívocos dos governantes e políticos. O limite do bom senso foi superado quando uma emenda constitucional é proposta para impedir que o Ministério Público investigue casos de desonestidade de políticos e servidores públicos e por outra que propõe que as decisões do Poder Judiciário sejam submetidas ao Poder Legislativo! A certeza da impunidade é o maior estimulante para a conduta antiética. Chegamos a um ponto de total despreocupação dos políticos com o julgamento que o eleitor poderia fazer de suas atitudes. O foco deixou de ser a defesa de medidas que atendem ao interesse público, o crescimento do país e a melhoria da qualidade de vida da população. A prioridade estava voltada integralmente para projetos voltados para defesa de interesses pessoais, seja aumento de poder,  ganhos financeiros ou outros interesses obscuros. O comodismo do brasileiro foi explorado durante anos com medidas populistas amparadas na ingenuidade de um povo carente de educação qualificada.
A falta de investimentos no que realmente faz um país crescer como: educação, apoio à pesquisa, formação de mão-de-obra qualificada, infra-estrutura de transportes e saúde, além do alto custo Brasil, começou a gerar prejuízos e a prejudicar a competitividade dos produtos brasileiros, inviabilizando as exportações.
Para começar, o Brasil é um país com uma carga tributária absurda que onera principalmente os trabalhadores assalariados, mas que não poupa ninguém, nem empresários nem os beneficiários do Bolsa Família que pagam caro por produtos com preços carregados de ICMS, IPI, PIS, CONFINS e mais vários outros impostos específicos que chegam a somar mais de 20% ou 30% do valor da compra. Para piorar, essa carga tributária não retorna em benefícios, sendo desperdiçada em projetos difíceis de sair do papel sem que a maior parte dos recursos seja destinada à corrupção de políticos e funcionários públicos ávidos para enriquecer rapidamente.
Assalariados que descontam IRPF no contra-cheque e que arcam com uma carga tributária que chega a estonteantes 60% não têm sequer direito a se deslocar com segurança, seja nas ruas cada vez mais violentas das cidades, no trânsito caótico das capitais que compromete severamente a qualidade de vida ou nas estradas antigas e mal conservadas. Mesmo pagando tanto de impostos, são obrigados a contratar planos de saúde e a pagar fortunas para educar seus filhos com a qualidade necessária para disputar um lugar ao sol em mercados altamente competitivos e globalizados.
Não sou articulista política. Prefiro expor minhas convicções em ambientes mais restritos de amigos, e por isso não vou estender meus comentários de análise do atual governo e de nossos políticos.
Só não pude resistir à tentação de registrar minha alegria de perceber que a prática centenária da  falta de ética reinante nos ambientes de trabalho público e privado (afinal, para cada corrupto existem vários empresários corruptores) está colhendo os frutos das injustiças semeadas por decisões descoladas de valores morais, egoístas e direcionadas a atender interesses de poucos.
O caminho é longo, pode demorar muito tempo, mas acredito ser um caminho alinhado à tendência evolutiva das sociedades desenvolvidas.
Foi muito bom ver o Presidente do Senado desengavetando projetos de interesse público.
É bom ver nossos governantes preocupados em descobrir o caminho para atender o anseio dos brasileiros cansados de ver seus entes queridos morrendo por falta de leitos hospitalares ou sofrendo diariamente, durante horas, espremidos em transportes públicos caros e insuficientes que agridem a saúde e a dignidade de pessoas que trabalham arduamente para construir esse país.
É maravilhoso ver que os recursos do petróleo deverão ser destinados à educação e saúde.
Educação pública de qualidade e acessível a todos é sinônimo de oportunidade e oportunidade para todos é o máximo da democracia!
Parece que agora reaprendemos o caminho para exigir direitos. Chega de impunidade!
As redes sociais são uma poderosa ferramenta de mobilização e nossos jovens as estão usando brilhantemente para disseminar a consciência política e a importância de fiscalizar e cobrar a correta utilização do dinheiro que é pago por todos e, portanto, deve atender aos interesses de todos.
Estou torcendo para que a Presidente Dilma faça desse "limão" uma doce limonada! Para isso, é preciso aproveitar esse momento histórico e aproveitar a voz do povo como argumento para convencer deputados e senadores a aprovar ações de moralidade que atendem aos anseios dos manifestantes e que certamente vai melhorar a qualidade de vida e a perspectiva de futuro dos brasileiros.
Talvez seja cedo para comemorar, mas o que já está acontecendo cria um sentimento de esperança e crença num futuro mais justo e ético.
Acordou Brasil?
Agora MUDA BRASIL!!!

terça-feira, 4 de junho de 2013

A ética e o amor no ambiente de trabalho

Imagem copiada da Internet
Lucia, uma jovem arquiteta com seus vinte e tantos anos de idade, chamava a atenção dos homens na empresa. Moça séria, ela não se deixava levar pelos olhares gulosos nem pelas cantadas que costumava receber. Até que conheceu Nilson, charmoso assessor do diretor, elegante e com um sorriso muito simpático. Aos quarenta e poucos anos, Nilson era casado, tinha três filhos e muita disposição para aproveitar a vida em viagens, jantares e aventuras. Lucia não resistiu e caiu de amores por ele.
Um dia, numa das muitas ocasiões em que saíram escondido para almoçar e namorar, não repararam que parada no semáforo que ficava próximo da empresa, e onde Lucia costumava trocar o carro de Nilson por um taxi, estava a van que trazia vários colegas de Lucia que voltavam de uma obra. Assim, quando discretamente, Lucia desceu do carro de Nilson e começou a procurar um táxi, não reparou quem eram os ocupantes da van. Um dos colegas não havia percebido de onde ela tinha saído e ofereceu carona na van . Lucia ainda tentou fazer de conta que não estava ouvindo, mas a insistência do colega não permitiu que ela retornasse da maneira discreta que pretendia. O jeito foi entrar na van, que seguiu o carro de Nilson até o estacionamento da empresa. Durante o trajeto, os colegas se entreolhavam disfarçando os sorrisos maldosos que a situação permitia. Esse caso foi motivo de muita conversa e muita gargalhada durante muito tempo.
O ambiente de trabalho propicia a convivência diária entre pessoas de ambos os gêneros com todas as opções sexuais possíveis. Não há como controlar nem impedir que envolvimentos amorosos aconteçam com frequência. Apesar da proibição estabelecida por muitas empresas, os relacionamentos que envolvem a emoção forte da paixão intempestiva não costumam respeitar essas proibições e acabam acontecendo assim mesmo. O namoro escondido serve para apimentar a relação e podem despertar emoções amortecidas dos tempos da adolescência. Democraticamente, os relacionamentos não respeitam a hierarquia e podem envolver diretores, gestores de equipe, líderes, gerentes, enfim, todas as pessoas estão sujeitas às consequências das flechadas do cupido insensato.
Não seria justo classificar relacionamentos baseados em um sentimento tão puro quanto o amor romântico como antiético. Entretanto, nem todas as relações se baseiam no amor. Pelo contrário, a grande maioria está alicerçada numa mera atração sexual irresistível ou em interesses menos nobres como a busca de promoções ou vantagens diversas. Assim, na maior parte das vezes os namoros no trabalho costumam ser de pouca duração e o risco de alguém sair magoado é muito grande.
Após o fim do relacionamento "amoroso", a convivência entre os envolvidos pode ficar muito complicada, ou, até mesmo impossível.
Mas namorar colegas de trabalho é antiético? A princípio não, mas, como sempre, as variáveis envolvidas em cada caso podem tornar algo que a princípio seria sublime em outra coisa bastante comprometedora.
Imagem copiada da Internet (abril.com 08/08/2008)
Para começar, seu um dos pares é casado, as consequências podem ser devastadoras tanto para o casamento dessa pessoa como para a autoestima do outra.
Para a empresa, a paixão no ambiente de trabalho pode servir como excelente estimulante à maior dedicação às tarefas diárias, já que a vontade de permanecer ao lado ou de impressionar o colega/namorado faz aumentar a produtividade. Por outro lado, na hora em que a relação começa a tirar a tranquilidade do casal, ou de um dos dois, a dificuldade de concentração e de conviver com a angústia possibilita a diminuição da concentração e o desinteresse.
Sem querer ser preconceituosa, mas simplesmente realista, as mulheres que se envolvem em vários relacionamentos inconsistentes e de pouca duração, acabam colocando em risco sua reputação e podem comprometer sua carreira. Com os homens isso é menos provável que aconteça.
Quando a relação é homossexual as consequências para a carreira também podem ser desastrosas, e o resultado vai depender muito da cultura média dos demais funcionários. Obviamente que não se pode classificar uma opção sexual ou um gosto pessoal como ético ou antiético, mas, de uma maneira geral, as sociedades ocidentais ainda não convivem bem com os "diferentes" e não apenas no que diz respeito à opção sexual em si, mas também em relação aos praticantes de "swing" e outras práticas menos ortodoxas.
A divulgação dessas preferências tem um alto poder de destruição da reputação e da credibilidade, independentemente do currículo e da própria história profissional.
Pode ser injusto, porque a preferência sexual nada tem a ver com o caráter da pessoa e muito menos com sua vocação para exercer com ética as suas funções, mas a verdade é que um comportamento sexual considerado inadequado, mesmo se exercido fora do ambiente de trabalho, tem grande potencial para prejudicar a carreira.
Assim, um bom parâmetro para avaliar se uma relação amorosa ou meramente sexual com um colega de trabalho deve ou não ser mantida é imaginar as consequências que a divulgação dessa notícia poderá provocar. Claro que, por mais bem intencionados ou apaixonados que estejam os envolvidos, relacionamentos amoroso podem durar muito ou pouco tempo, mas a sabedoria na condução da relação, a avaliação antecipada do perfil da pessoa que provocou sensações tão fortes, é uma importante etapa a ser cumprida antes da entrega do próprio corpo e do coração.