A conduta que respeita os
valores éticos no dia-a-dia das relações de trabalho, ou a falta dela, está em
evidência.
Em tempos de Operação
Lava-Jato, as manchetes dos noticiários apresentam exemplos das rotinas de
trabalho de grandes empresários, executivos e políticos brasileiros que agora
são investigadas. São atitudes que revelam ações desonestas e criminosas e que
muitos tratam como sendo falta de ética no trabalho, na política, nos negócios
e nas relações pessoais.
Entretanto, a falta de
ética não se restringe a falta de honestidade. Falta de ética está em todas as
atitudes que contrariam a noção do que é certo e justo. Agir com ética é fazer
o que é certo, da forma correta. De uma maneira geral, quase sempre temos a
perfeita noção de como devemos decidir e agir em vários momentos de nossos
dias, mas razões pessoais muitas vezes inconfessáveis acabam nos influenciando
a agir da maneira errada. Afinal atitudes banais como denegrir a imagem de um
colega de trabalho, “copiar” a idéia de outro colega ou ultrapassar pelo
acostamento também são atitudes antiéticas.
Por incrível que pareça, as
pessoas que procuram agir sempre da maneira correta passaram a ser alvo de
deboches do tipo: “ser politicamente correto” é o mesmo que ser bobo. A
mentalidade de que o bacana é “se dar bem em cima dos outros”, “não respeitar
regras”, “fazer o que dá na telha” valoriza aqueles que agem de forma egoísta e
irresponsável. Confundem liberdade de ação e expressão com transgressão e
inversão de valores!
Ops! Uma coisa é uma coisa,
outra coisa é outra coisa!
No ambiente de trabalho, a
falta de ética mais comum é o Assédio Moral. Infelizmente, em pleno século XXI,
ainda existem gestores que pensam que só serão respeitados se forem conhecidos
como severos, grosseiros, cruéis e verbalmente agressivos. Chegam a ter
satisfação quando percebem o temor nos olhos de seus subordinados. Assim,
alimentam sua vaidade e pobreza de espírito. Não entendem que esse tipo de
conduta desagrega, humilha, desmotiva e é fonte de estresse e sofrimento. Como
conseqüência, o ambiente de trabalho adoece e provoca a perda de talentos que
não aceitam ser tratados desse jeito. O problema é que a maioria das pessoas
não tem coragem ou condição de escolher onde trabalhar e acabam suportando o
fardo de trabalhar sendo infelizes.
Curiosamente e não
raramente, pessoas que foram mal tratadas e agredidas no início de sua vida
profissional, acabam se tornando chefes agressivos e intolerantes. Copiam o mau
exemplo que tiveram porque entendem que chefe competente é chefe que é
obedecido sem questionamentos... Não evoluem, não percebem os exemplos bem
sucedidos de equipes que se tornam times onde o “chefe” lidera, direciona,
valoriza, respeita, ouve e agrega valores e pessoas.
Outra conduta a ser inibida
é a vaidade de gestores que, quando precisam decidir que caminho seguir, que
projeto priorizar ou que fornecedor contratar, colocam seus interesses acima
dos interesses da empresa. Por exemplo:
qual projeto vai dar mais projeção para minha carreira? Qual fornecedor é mais
meu parceiro? Qual colaborador tem mais potencial de fazer o trabalho que eu
vou apenas assinar?
A ética está em muitas
decisões que tomamos todos os dias. Nem sempre temos tempo de avaliar cada uma
de nossas atitudes por diferentes ângulos, o que facilita nossos erros. Por
outro lado, determinadas situações são claramente erradas, sabemos que estamos
errando, mas não resistimos à tentação quando existe uma boa chance de não
sermos pegos. O problema aparece quando aquela atitude que achávamos quase
“inocente” é descoberta. Aí a casa cai!
Isso está acontecendo
diante de nossos olhos.
Então, sugiro uma boa
ferramenta para avaliar se uma conduta é ou não ética, se pode ou não dar
margem a questionamentos capazes de arruinar nossa reputação, nossa
credibilidade, nossa carreira e até mesmo nossa vida. Pergunte a si mesmo: se
amanhã a minha atitude sair publicada na primeira página do principal jornal de
minha cidade, qual será meu sentimento? Orgulho? Vergonha? Constrangimento?
Dependendo da resposta,
fica fácil saber a maneira correta de agir.
(Artigo originalmente publicado em página da intranet da empresa INB - Indústrias Nucleares do Brasil, em agosto de 2015)