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Carioca, formada em jornalismo, Marcia Cristina iniciou a carreira na área de Comunicação Social do BNH e da Caixa Econômica Federal. Foi repórter de TV em Salvador e editora de reportagens em Curitiba. Em 1995 passou para a área de negócios e foi gerente geral de unidades de negócios da Caixa na Bahia. Pós-graduada em Gerência de Marketing pela ESPM/SP (ministrado em Salvador) e MBA em Gestão Empresarial pela Universidade Católica de Salvador em parceria com a UFRJ. Em 2009 lançou o livro “Ética no Ambiente de Trabalho, editora Campus/Elsevier. Entre 2013 e 2016 trabalhou na área de educação da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem - ABCD, no Ministério do Esporte, exercendo também a Diretoria de Informação e Educação em defesa da Ética no Esporte. Em 2018 participou da coletânea, Criativos, Inovadores e Vencedores, editado pela Literare Books, São Paulo e lançou o segundo livro solo, Conduta Ética e Sustentabilidade Empresarial, pela editora Alta Books. Vive agora em Portugal.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Afinal, o que significa o movimento dos"Occupiers Wall Street"?

Em recente viagem à Nova York, tive a oportunidade de testemunhar o movimento que se instalou em Wall Street no mês de setembro deste ano.
Ao contrário de muita gente que torce para que o inverno chegue logo e faça com que o movimento perca força e aquelas pessoas desmontem suas tendas e voltem para casa, eu gostaria que as frases, os gritos e os tambores dos ocupantes daquela pequena praça espremida no meio de tantos arranha-céus de Manhattan ecoassem para outras cidades e países até que fosse impossível não prestar atenção ao que eles estão dizendo.
Fiquei emocionada com o que vi. Pessoas de todas as idades, inclusive crianças estimuladas pelos seus pais, defendem alguma coisa que, mesmo de forma imprecisa e desorganizada, diz claramente que a ciranda financeira vem causando prejuízos incalculáveis para milhões de pessoas, empresas e países. Enquanto poucas faturam milhões por meio de informações privilegiadas e especulações diversas, milhões de outras pessoas perdem, perdem pouco em comparação com os grandes investidores, mas esse pouco pode significar tudo o que tinham acumulado.
Ao que parece, eles não sabem como as coisas deveriam ser, mas sabem que como está não deve continuar.
Já há algum tempo que venho questionando a forma como os negócios estão sendo conduzidos nas Bolsas de Valores. Criada para permitir que investidores pudessem participar do crescimento e lucrar com os bons resultados de grandes empresas, financiando os investimentos dessas empresas, o mercado de ações era uma maneira de obter lucros em cima da produtividade dos negócios. Mas, com o tempo, profissionais do mercado financeiro aprenderam como poderiam ganhar mais e mais por meio da observação de tendências. Daí para a manipulação e especulação, foi um pulo. 
Até quando essa ciranda vai continuar comendo a poupança dos pequenos e despreparados investidores e de grandes empresas que passaram a operar sem a segurança de saber o valor exato de suas ações?
Empregos são criados e desaparecem pouco tempo depois. Fundos de pensão perdem milhões de dólares e seus associados arcam com os prejuízos originados em aplicações para as quais sequer foram ouvidos. Já imaginou o problema que tantos aposentados enfrentam ao ver sua renda mensal minguar de um hora para a outra?
A ciranda financeira também interfere drasticamente na flutuação do valor das moedas trazendo lucros e prejuízos que podem determinar a falência de empresas em todo o mundo.
E quem está ganhando o com isso?
Não penso que as Bolsas de Valores deveriam acabar. O mercado financeiro, incluindo aí a Bolsa de Valores, é de fundamental importância para o financiamento do setor produtivo da economia. 
O mundo globalizado e capitalista não suportaria tamanha mudança. Mas será que os negócios não poderiam ser regulamentados de forma a inibir essa migração enlouquecida de milhões de dólares a cada "estouro de boiada" provocado por alguma declaração infeliz de um governante grego, espanhol, francês ou seja lá de que nacionalidade for? Será que o mundo não seria mais justo e ético se os ganhos fossem baseados nos resultados obtidos por meio da produção? 
Sou leiga nesse assunto, mas, da mesma maneira que algumas aplicações em CDB ficam bloqueadas por algum tempo, não seria razoável que alguém que investe seu dinheiro em alguma empresa, acreditando no negócio e no futuro dessa empresa devesse assumir o compromisso de manter seu dinheiro na mesma aplicação por um período pré-determinado de tempo? Que empresa pode ser bem sucedida tendo que conviver com a ganância de investidores avessos a riscos que não se intimidam com os prejuízos em grande escala que provocam com suas irresponsáveis movimentações financeiras? 
Não sou absolutamente contra a prática de utilizar dinheiro para fazer mais dinheiro, mas penso que tudo deve ser feito no limite da responsabilidade. O que estamos vivendo nessas últimas décadas é, sem dúvida, irracional e muito injusto.
Lamento que o movimento contra Wall Street não seja mais bem organizado e estruturado, apresentando propostas para amenizar os efeitos e inibir a ciranda financeira desenfreada.
Vai ser difícil esperar que os maiores interessados na manutenção dessa situação, que são os grandes aplicadores das Bolsas de Valores, se mobilizem para regulamentar o mercado de ações. Mas, quem sabe se mais e mais vozes começarem a gritar, se o movimento se organizar e se expandir, as coisas possa começar a mudar? 

4 comentários:

  1. Márcia,

    Muito bom, é isso tudo mesmo.......a ganâcia de poucos fazendo muitos perderem o pouco que conseguiram guardar...
    Pena que nós brasileiros nos importamos muito mais com o nosso futebol do que com a nossa política, nesse ponto tiro o chapéu para nossos vizinhos argentinos !!!!!

    Bjs e Parabéns

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  2. Por isso q o Brasil está servindo de exemplo para vários países. Um mercado financeiro regulado que procura evitar excessos. Nunca se poderá fechar todas as portas, mas com regras e órgãos reguladores o mercado financeiro pode ser uma grande ajuda para o desenvolvimento de uma sociedade. Bjs

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  3. Esclarecedor. Legal que o texto tem exemplos como o Fundo de pensóes, pois quem nao aplica diretamente na bolsa pode pensar que "isso nao me afeta", quando na verdade afeta a todos...

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  4. Marcia querida amiga escritora: Muito bom o seu artigo, inclusive para aqueles totalmente leigos no assunto, tal a clareza com que voce colocou a questão; parabéns e pode estar certa de uma coisa: eu nunca quiz aplicar na bolsa, talvez por intuição ,talvez por precaução, mas também por um pouco de medo !!! rs
    Grande abraço e mais uma vez parabéns !!!
    Do amigo
    Paulo R Alves

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