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Carioca, formada em jornalismo, Marcia Cristina iniciou a carreira na área de Comunicação Social do BNH e da Caixa Econômica Federal. Foi repórter de TV em Salvador e editora de reportagens em Curitiba. Em 1995 passou para a área de negócios e foi gerente geral de unidades de negócios da Caixa na Bahia. Pós-graduada em Gerência de Marketing pela ESPM/SP (ministrado em Salvador) e MBA em Gestão Empresarial pela Universidade Católica de Salvador em parceria com a UFRJ. Em 2009 lançou o livro “Ética no Ambiente de Trabalho, editora Campus/Elsevier. Entre 2013 e 2016 trabalhou na área de educação da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem - ABCD, no Ministério do Esporte, exercendo também a Diretoria de Informação e Educação em defesa da Ética no Esporte. Em 2018 participou da coletânea, Criativos, Inovadores e Vencedores, editado pela Literare Books, São Paulo e lançou o segundo livro solo, Conduta Ética e Sustentabilidade Empresarial, pela editora Alta Books. Vive agora em Portugal.

terça-feira, 25 de setembro de 2012

A falta de ética de gente honesta

Imagem copiada da internet sem indicação de autoria
A mídia nacional vem dando destaque às decisões do STF no julgamento dos envolvidos no escândalo de corrupção apelidado de "mensalão". É digna de admiração a atuação do relator Joaquim Barbosa. Suas considerações são claras e baseadas em farta documentação que resultaram na condenação dos culpados.
Verdade que ainda falta saber se algum dos condenados vai realmente cumprir pena na cadeia, em especial aqueles mais intimamente ligados ao ex-Presidente Lula.
Infelizmente, este é apenas mais um dos inúmeros escândalos de corrupção que pipocam pelo país a todo momento, embora seja o maior e mais abrangente já apurado pela justiça. A cada novo escândalo, a palavra "ética" volta às manchetes, como se apenas nessas ocasiões a falta de ética estivesse presente, aparecendo sempre relacionada unicamente à falta de honestidade.
Assim, no artigo de hoje gostaria de tratar da falta de ética de pessoas honestas. 
Ética e honestidade são aspectos humanos que estão estreitamente ligados, mas são muito diferentes.
A pessoa desonesta é, obrigatoriamente, também antiética. Penso que desonestidade é atentar contra a propriedade alheia, seja ela pública ou privada e inclui o ato de enganar, trapecear, mentir, desonrar e outras tantas ações indignas.
Já o antiético pode faltar com a ética sem mentir, sem enganar e sem furtar ou roubar.
Falta com a ética aquelas pessoas que agem em benefício próprio sem respeitar as regras de convivência, sem se importar em estar desrespeitando o direito do outro e coloca os seus interesses acima do bem estar comum.
Isso acontece a todo momento e em todos os lugares. Pior que esse tipo de conduta não costuma provocar nenhum tipo de punição ao autor.
Embora meu foco análise seja a conduta ética no ambiente de trabalho, onde todo tipo de atitude antiética acontece., para variar e incluir também as pessoas que não trabalham em grandes empresas, hoje prefiro tratar da falta de ética em outros ambientes, com especial destaque para o trânsito das grandes cidades e as relações de convivência dos moradores de um mesmo condomínio.
O trânsito, como todos já sabem, tem o poder de transformar e transtornar as pessoas mais honestas. A vaidade humana de não ser colocado em situação de demérito ou desvantagem, seja ao ser fechado, ser ultrapassado ou quando disputa uma vaga no shopping, ou ainda quando decide ocupar a qualquer custo os próximos quatro metros de asfalto com outro carro, tem o poder de criar seres momentaneamente irascíveis, grosseiros ou mesmo insanos.
Quantas vidas já se perderam por discussões claramente irrelevantes?
Já nos condomínios, onde todos se sentem (e são) donos do pedaço, a coisa ganha ares inacreditáveis!
Condomínios apresentam as condições ideais para que as pessoas de caráter duvidoso, caráter esse que permanece contido em outros ambientes, não consigam esconder a verdadeira criatura que habita seu ser verdadeiro e deixa transparecer todo o seu potencial destrutivo.
Para essas pessoas, as regras estabelecidas na convenção ou no regulamento interno pouco importam - a menos que sejam úteis para defender seus interesses pessoais. Caso contrário, acreditam que, por serem donos do pedaço onde moram, sentem-se no direito de fazer o que querem sem a menor preocupação com o direito do vizinho.
Outro dia vi afixado no elevador de um grande condomínio da Barra o seguinte aviso: "Cientistas do mundo inteiro estão buscando desenvolver um mecanismo que faça com que os carrinhos de compra aprendam a utilizar o elevador sozinhos para retornar ao local onde devem permanecer disponíveis para os demais moradores. Enquanto isso não é possível, pedimos que retornem os carrinhos à garagem."
Escrito assim, pode até parecer engraçado, mas tudo fica muito irritante quando você chega do mercado com seu carro cheio de compras e não encontra um único carrinho disponível para levar tudo até seu apartamento.
São inúmeros os casos de falta de respeito ao direito dos outros, ou seja, falta de ética:

  • Recusa em executar consertos hidráulicos de problemas que estão provocando infiltrações e vazamentos no apartamento do vizinho;
  • Cachorros de grande porte passeando em locais públicos sem focinheira;
  • Festas barulhentas que invadem a madrugada;
  • Lixo tratado sem os devidos cuidados de despejados de qualquer maneira;
  • Críticas e acusações falsas que são alardeadas sem qualquer prévia averiguação e causam danos à reputação de alguém;
  • Carros, motos e bicicletas que circulam em locais impróprios e/ou em velocidade inadequada, colocando em risco a integridade física dos outros;
  • Tratamento grosseiro das pessoas que prestam serviço ao condomínio como porteiros e faxineiros e até mesmo do próprio síndico.
Curioso é que até mesmo desembargadores, juízes, advogados e outros profissionais que, pelo menos na teoria, estudaram para fazer valer a Lei para todos, são capazes de assumir ares de superioridade e não se intimidam em desrespeitar as regras quando acham que seus interesses são mais importantes que o direito dos demais!
Enfim, são muitos os casos de desrespeito às regras e de incivilidade que acontecem todos os dias e que revelam a triste realidade de que alguns seres humanos, apesar de honestos, ainda precisam evoluir muito, precisam aprender muito para serem éticos!

Um comentário:

  1. Praticar valores éticos é ato definine o grau de desenvolvimento em cidadania em que se encontra a sociedade. A autocrítica me parece a principal qualidade para a ética. Mais autocrítica e menos crítica. Entretanto, análise dos que estão ao redor é sempre mais fácil e dá o aparente rótulo de "pessoa idônea" por criticar postura incorreta de figura pública. Exemplos e fatos é o que se pode deixar de legado para as gerações em formação e a sociedade. Perfeito o que você disse!

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