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Carioca, formada em jornalismo, Marcia Cristina iniciou a carreira na área de Comunicação Social do BNH e da Caixa Econômica Federal. Foi repórter de TV em Salvador e editora de reportagens em Curitiba. Em 1995 passou para a área de negócios e foi gerente geral de unidades de negócios da Caixa na Bahia. Pós-graduada em Gerência de Marketing pela ESPM/SP (ministrado em Salvador) e MBA em Gestão Empresarial pela Universidade Católica de Salvador em parceria com a UFRJ. Em 2009 lançou o livro “Ética no Ambiente de Trabalho, editora Campus/Elsevier. Entre 2013 e 2016 trabalhou na área de educação da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem - ABCD, no Ministério do Esporte, exercendo também a Diretoria de Informação e Educação em defesa da Ética no Esporte. Em 2018 participou da coletânea, Criativos, Inovadores e Vencedores, editado pela Literare Books, São Paulo e lançou o segundo livro solo, Conduta Ética e Sustentabilidade Empresarial, pela editora Alta Books. Vive agora em Portugal.

terça-feira, 5 de março de 2013

Para que desenvolver a consciência ética na empresa?

Ilustração copiada do site http://ufpeadministracao.ning.com/
na página da Professora Raquel Lira
Entre tantas coisas que precisam ser tratadas dentro de uma empresa, principalmente dentro das grandes empresas, por que perder tempo em trabalhar as questões éticas?
Nas maiores empresas do mundo, este assunto já está “administrado”. A direção e os conselhos administrativos constituíram a comissão responsável pela criação do código de ética. Esses códigos foram impressos e distribuídos a todos os colaboradores, fornecedores, acionistas e todos os demais stakeholders. Em muitas dessas empresas, foi desenvolvido um canal de denúncias e aprimoraram-se os sistemas de controle na execução de rotinas. As ocorrências estão sendo apuradas e resolvidas por profissionais vinculados ao escritório responsável pelas ações de sustentabilidade, ou à ouvidoria, ou ainda podem estar sob a responsabilidade da área de gestão de pessoas, auditoria, compliance, enfim, cada empresa estruturou seu organograma para cuidar dos assuntos relativos à ética.
Entretanto, ainda não foi claramente percebido que muitas das providências adotadas para dar à empresa a chancela de “empresa alinhada com os valores éticos”, com exceção ao código de conduta ética, são rotinas reativas, dedicadas a identificar, apurar e punir as ocorrências já detectadas. A grande maioria dessas ocorrências não chega a comprometer o resultado da empresa. Muitas são tão insignificantes que nem chegam ao conhecimento das demais áreas além daquelas envolvidas diretamente em cada caso.
Não estão sendo tratadas muitas condutas antiéticas que não causaram prejuízos relevantes que justificassem a abertura de um processo de apuração. Afinal, o custo e o desgaste pessoal para punir e inibir pequenas atitudes seriam muito superiores ao prejuízo causado. Muitas vezes, esses prejuízos nem podem ser mensurados, já que não geraram perda de valores monetários, mas “apenas” interferiram na qualidade do ambiente de trabalho, causaram desmotivação e percepção de injustiça, ou comprometeram a carreira de alguns poucos desafortunados.
O que não pode ser mensurado permanece despercebido e vai engordar o custo invisível das empresas.
São pequenos desvios que, somados, alcançam valores surpreendentemente relevantes. São negócios mal realizados que resultam em devoluções, atendimentos mal feitos que dão origem a ações na justiça e que vão minando a boa imagem da empresa. Projetos não executados ou que ficam inacabados e que poderiam contribuir para aumentar a rentabilidade, a produtividade e a lucratividade, também podem compor o rol de pequenas condutas inadequadas que permanecem impunes.
Como é possível mensurar essas perdas? Como calcular prejuízos provocados por ações não realizadas? Como saber o custo que a vaidade humana representa quando altos executivos priorizam seus interesses pessoais e decidem implantar projetos que vão proporcionar-lhes melhor visibilidade e contribuir para o marketing pessoal em detrimento de projetos que reduziriam custos, eliminariam retrabalho ou poderiam contribuir para melhorar o desempenho de outra área dentro da mesma empresa?
A resposta é quase óbvia. Esse cálculo é impossível de ser realizado. Na melhor das hipóteses, pode apenas ser estimado, mesmo assim, sujeito a grande margem de erro.
A consciência ética determina que as decisões devem sempre ser analisadas sob aspecto da ética.
Acredito que muitas pessoas tomam decisões antiéticas por vaidade, ganância, inexperiência, falta de visão de futuro ou, até mesmo, ingenuidade. Em ética, a prática de antecipar as possíveis consequências de uma decisão é fundamental para buscar a manutenção da conduta virtuosa.
Seria pouco razoável afirmar que as empresas que investem no desenvolvimento da consciência ética estão imunes a erros de avaliação por parte de seus empregados. Sempre que um problema envolve o comportamento humano, o número de variáveis envolvidas é tão grande que se torna impossível qualquer tipo de afirmação.
Entretanto, penso que a criação, implantação e manutenção de um programa destinado a estimular os empregados a pensar sobre o aspecto ético de suas decisões pode não apenas alterar alguns comportamentos, como também melhorar o senso de responsabilidade de cada um em relação à observação crítica da conduta dos demais empregados.
É importante lembrar que pessoas de boa índole nascem em lugares diferentes, são educadas por pessoas com visões de mundo diferentes, em culturas regionais distintas e em meios sociais e tribos também distintas e que, certamente, tiveram vivências bem diferentes, que criaram concepções de vida e de mundo individuais. Com toda essa variedade cultural local, regional e até mesmo de diferentes nações, é absolutamente natural que elas apresentem visões diferentes sobre a ética.
A ética é flexível, pois pode variar conforme o ponto de vista de cada pessoa. Um bom exemplo é quando duas os mais pessoas disputam uma promoção. O selecionado para assumir o cargo vai entender que sua escolha foi justa, mas os que foram preteridos dificilmente terão a mesma opinião a respeito do resultado.
Portanto, ser ético não é agradar a todo mundo o tempo todo. Pelo contrário, a cobrança de uma conduta ética costuma ser muito mal vista porque incomoda, desagrada e contraria interesses pessoais.
O que se pode pretender é minimizar os efeitos das condutas antiéticas que acontecem por desconhecimento, por inexperiência ou por falta de informações. Muitas condutas diárias envolvem decisões sujeitas a uma análise prévia de riscos e possíveis desdobramentos.
Pessoas preparadas para identificar os dilemas éticos e avaliá-los corretamente têm mais chances de evitar as próprias condutas equivocadas e também de perceber, criticar e denunciar as condutas antiéticas de outras pessoas.
Assim, além de contribuir para sua própria redução dos riscos operacionais, as empresas realmente éticas estarão investindo em sua imagem institucional, no aumento de sua produtividade por meio do estímulo à amplo aproveitamento e desenvolvimento dos talentos individuais. Além disso, e ainda mais relevante, a empresa estará influenciando na formação de uma sociedade mais justa e de mundo melhor.

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