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Carioca, formada em jornalismo, Marcia Cristina iniciou a carreira na área de Comunicação Social do BNH e da Caixa Econômica Federal. Foi repórter de TV em Salvador e editora de reportagens em Curitiba. Em 1995 passou para a área de negócios e foi gerente geral de unidades de negócios da Caixa na Bahia. Pós-graduada em Gerência de Marketing pela ESPM/SP (ministrado em Salvador) e MBA em Gestão Empresarial pela Universidade Católica de Salvador em parceria com a UFRJ. Em 2009 lançou o livro “Ética no Ambiente de Trabalho, editora Campus/Elsevier. Entre 2013 e 2016 trabalhou na área de educação da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem - ABCD, no Ministério do Esporte, exercendo também a Diretoria de Informação e Educação em defesa da Ética no Esporte. Em 2018 participou da coletânea, Criativos, Inovadores e Vencedores, editado pela Literare Books, São Paulo e lançou o segundo livro solo, Conduta Ética e Sustentabilidade Empresarial, pela editora Alta Books. Vive agora em Portugal.

terça-feira, 4 de junho de 2013

A ética e o amor no ambiente de trabalho

Imagem copiada da Internet
Lucia, uma jovem arquiteta com seus vinte e tantos anos de idade, chamava a atenção dos homens na empresa. Moça séria, ela não se deixava levar pelos olhares gulosos nem pelas cantadas que costumava receber. Até que conheceu Nilson, charmoso assessor do diretor, elegante e com um sorriso muito simpático. Aos quarenta e poucos anos, Nilson era casado, tinha três filhos e muita disposição para aproveitar a vida em viagens, jantares e aventuras. Lucia não resistiu e caiu de amores por ele.
Um dia, numa das muitas ocasiões em que saíram escondido para almoçar e namorar, não repararam que parada no semáforo que ficava próximo da empresa, e onde Lucia costumava trocar o carro de Nilson por um taxi, estava a van que trazia vários colegas de Lucia que voltavam de uma obra. Assim, quando discretamente, Lucia desceu do carro de Nilson e começou a procurar um táxi, não reparou quem eram os ocupantes da van. Um dos colegas não havia percebido de onde ela tinha saído e ofereceu carona na van . Lucia ainda tentou fazer de conta que não estava ouvindo, mas a insistência do colega não permitiu que ela retornasse da maneira discreta que pretendia. O jeito foi entrar na van, que seguiu o carro de Nilson até o estacionamento da empresa. Durante o trajeto, os colegas se entreolhavam disfarçando os sorrisos maldosos que a situação permitia. Esse caso foi motivo de muita conversa e muita gargalhada durante muito tempo.
O ambiente de trabalho propicia a convivência diária entre pessoas de ambos os gêneros com todas as opções sexuais possíveis. Não há como controlar nem impedir que envolvimentos amorosos aconteçam com frequência. Apesar da proibição estabelecida por muitas empresas, os relacionamentos que envolvem a emoção forte da paixão intempestiva não costumam respeitar essas proibições e acabam acontecendo assim mesmo. O namoro escondido serve para apimentar a relação e podem despertar emoções amortecidas dos tempos da adolescência. Democraticamente, os relacionamentos não respeitam a hierarquia e podem envolver diretores, gestores de equipe, líderes, gerentes, enfim, todas as pessoas estão sujeitas às consequências das flechadas do cupido insensato.
Não seria justo classificar relacionamentos baseados em um sentimento tão puro quanto o amor romântico como antiético. Entretanto, nem todas as relações se baseiam no amor. Pelo contrário, a grande maioria está alicerçada numa mera atração sexual irresistível ou em interesses menos nobres como a busca de promoções ou vantagens diversas. Assim, na maior parte das vezes os namoros no trabalho costumam ser de pouca duração e o risco de alguém sair magoado é muito grande.
Após o fim do relacionamento "amoroso", a convivência entre os envolvidos pode ficar muito complicada, ou, até mesmo impossível.
Mas namorar colegas de trabalho é antiético? A princípio não, mas, como sempre, as variáveis envolvidas em cada caso podem tornar algo que a princípio seria sublime em outra coisa bastante comprometedora.
Imagem copiada da Internet (abril.com 08/08/2008)
Para começar, seu um dos pares é casado, as consequências podem ser devastadoras tanto para o casamento dessa pessoa como para a autoestima do outra.
Para a empresa, a paixão no ambiente de trabalho pode servir como excelente estimulante à maior dedicação às tarefas diárias, já que a vontade de permanecer ao lado ou de impressionar o colega/namorado faz aumentar a produtividade. Por outro lado, na hora em que a relação começa a tirar a tranquilidade do casal, ou de um dos dois, a dificuldade de concentração e de conviver com a angústia possibilita a diminuição da concentração e o desinteresse.
Sem querer ser preconceituosa, mas simplesmente realista, as mulheres que se envolvem em vários relacionamentos inconsistentes e de pouca duração, acabam colocando em risco sua reputação e podem comprometer sua carreira. Com os homens isso é menos provável que aconteça.
Quando a relação é homossexual as consequências para a carreira também podem ser desastrosas, e o resultado vai depender muito da cultura média dos demais funcionários. Obviamente que não se pode classificar uma opção sexual ou um gosto pessoal como ético ou antiético, mas, de uma maneira geral, as sociedades ocidentais ainda não convivem bem com os "diferentes" e não apenas no que diz respeito à opção sexual em si, mas também em relação aos praticantes de "swing" e outras práticas menos ortodoxas.
A divulgação dessas preferências tem um alto poder de destruição da reputação e da credibilidade, independentemente do currículo e da própria história profissional.
Pode ser injusto, porque a preferência sexual nada tem a ver com o caráter da pessoa e muito menos com sua vocação para exercer com ética as suas funções, mas a verdade é que um comportamento sexual considerado inadequado, mesmo se exercido fora do ambiente de trabalho, tem grande potencial para prejudicar a carreira.
Assim, um bom parâmetro para avaliar se uma relação amorosa ou meramente sexual com um colega de trabalho deve ou não ser mantida é imaginar as consequências que a divulgação dessa notícia poderá provocar. Claro que, por mais bem intencionados ou apaixonados que estejam os envolvidos, relacionamentos amoroso podem durar muito ou pouco tempo, mas a sabedoria na condução da relação, a avaliação antecipada do perfil da pessoa que provocou sensações tão fortes, é uma importante etapa a ser cumprida antes da entrega do próprio corpo e do coração.

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