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Carioca, formada em jornalismo, Marcia Cristina iniciou a carreira na área de Comunicação Social do BNH e da Caixa Econômica Federal. Foi repórter de TV em Salvador e editora de reportagens em Curitiba. Em 1995 passou para a área de negócios e foi gerente geral de unidades de negócios da Caixa na Bahia. Pós-graduada em Gerência de Marketing pela ESPM/SP (ministrado em Salvador) e MBA em Gestão Empresarial pela Universidade Católica de Salvador em parceria com a UFRJ. Em 2009 lançou o livro “Ética no Ambiente de Trabalho, editora Campus/Elsevier. Entre 2013 e 2016 trabalhou na área de educação da Autoridade Brasileira de Controle de Dopagem - ABCD, no Ministério do Esporte, exercendo também a Diretoria de Informação e Educação em defesa da Ética no Esporte. Em 2018 participou da coletânea, Criativos, Inovadores e Vencedores, editado pela Literare Books, São Paulo e lançou o segundo livro solo, Conduta Ética e Sustentabilidade Empresarial, pela editora Alta Books. Vive agora em Portugal.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Medo da Inteligência

Recebi hoje de uma de minhas primas uma mensagem que trata desse assunto. Eu já tinha percebido essa realidade, mas tinha minhas dúvidas se isso era uma prática generalizada.
Como muitas das mensagens que vemos na net, não dá para ter certeza da veracidade dos fatos ali relatados, mas, vale a pena citar o início do texto.
"Quando Winston Churchill, ainda jovem, acabou de pronunciar seu discurso de estréia na Câmara dos Comuns, foi perguntar a um velho parlamentar, amigo de seu pai, o que tinha achado do seu primeiro desempenho naquela assembléia de vedetes políticas. O velho pôs a mão no ombro de Churchill e disse, em tom paternal: “Meu jovem, você cometeu um grande erro. Foi muito brilhante neste seu primeiro discurso na Casa. Isso é imperdoável! Devia ter começado um pouco mais na sombra. Devia ter gaguejado um pouco. Com a inteligência que demonstrou hoje, deve ter conquistado, no mínimo, uns trinta inimigos. O talento assusta".
Isso, na Inglaterra do século passado. Imagina no competitivo mercado de trabalho atual, em especial num país como o Brasil, onde a conduta ética ainda é tão pouco valorizada?
Pensei em alguns exemplos práticos e reais sobre como isso acontece.
Em 1997, quando assumi pela primeira vez a gerência geral de uma agência bancária, já na primeira semana, identifiquei que um dos caixas executivos tinha uma percepção negocial mais apurada que os demais funcionários. Sua preocupação não estava limitada ao número de autenticações que era capaz de atingir a cada dia, mas sim com o resultado global da agência. Percebendo meu interesse em suas observações,  ele foi passando algumas sugestões muito interessantes. Achei estranho que um rapaz com tanto talento já estivesse há mais sete anos na empresa e continuasse exercendo uma função com poder de atuação bastante limitado. Assim que foi possível, optei por retirá-lo do repetitivo trabalho executado no guichê e alocá-lo na área negocial da agência.
A reação de algumas outras pessoas da equipe não foi nada boa. Fui questionada a respeito do "privilégio concedido a ele". Era incrível como, mesmo sendo indiscutível a dedicação e os bons resultados que ele alcançava, alguns colegas não escondiam a "raiva" que sentiam dele. Implicavam até com a pasta que ele gostava de carregar porque diziam que ele agia como gerente, mas não era gerente. Isso incomodava muito!
Entreguei a ele alguns trabalhos desafiadores. Uma vez, chegou a me perguntar porque eu passava para ele justamente os mais complicados. Eu disse: "Resolva esse abacaxi e você vai se destacar na visão do superintendente regional!". Nossa agência cresceu muito!
Eu fui promovida para uma agência maior e continuei dando espaço para que ele desenvolvesse seu talento. Cinco anos depois, nos separamos porque eu fui novamente promovida e ele assumiu a gerência geral de outra agência. Esse rapaz cresceu muito na empresa. Já recebeu convites para cargos de gestão nacional na matriz da empresa. Seu talento foi reconhecido por todos, mas sei que, até hoje, muitos implicam com ele.
Por outro lado, anos antes, quando ainda trabalhava na área de comunicação social, entreguei à minha chefe alguns projetos de marketing esportivo e cultural. Estando na mão dela, ela poderia ter autorizado que eu os executasse e o mérito seria da área como um todo, certo? Mas, o que ela fez? Engavetou os projetos! Não deu a menor atenção às minhas propostas. Sequer conversou a respeito com o superintendente regional. O tempo passou e, meses depois, quando ela estava de férias e eu a estava substituindo, o superintendente perguntou se eu teria alguma sugestão de ações de marketing. Claro que não perdi tempo e apresentei os projetos que estavam na gaveta. Ele  adorou e pediu que os implementasse imediatamente. Felizmente, ambos foram muito bem sucedidos! Entretanto, ficou claro que eu era a mentora dos projetos. No lugar de receber os parabéns pelo trabalho realizado pela equipe, minha ex-chefe foi questionada sobre o porquê de não ter apresentado os trabalhos antes.
Houve outras ocasiões em que vi gestores inseguros tentarem esconder o mérito de um dos membros de sua equipe. Certa vez, além de "roubar" a ideia de um colaborador, um verdadeiro "mau caráter" ainda procurou denegrir a imagem do talentoso funcionário colocando em dúvida a sua credibilidade. Ele conseguiu prejudicar temporariamente a carreira do talentoso profissional, mas pouco tempo depois novas oportunidades surgiram e ele prosseguiu em sua ascensão dentro da empresa. 
Em todas essas ocasiões, o tempo trouxe a verdade. O talento, a inteligência, a atuação ética e o comprometimento podem até dificultar o acesso a cargos mais poderosos, mas a persistência e o tempo são antídotos que costumam funcionar muito bem.
Já os medrosos, os medíocres, os que tentam esconder o mérito de seus subordinados, tempos depois, (às vezes, anos depois, é verdade....) sucumbem no descrédito e na própria incompetência.

Um comentário:

  1. Infelizmente, o tempo que se passa sem o devido mérito por ser ético, talentoso, inteligente e comprometido geralmente é muito maior que o de reconhecimento... E a quantidades de pessoas que ficam sabendo da "verdade" também. Lamentável que náo consigamos alterar o sentimento, que as pessoas éticas transmitem, de "ameaça" para o de segurança.

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